Em plena crise do neoliberalismo, a 18ª edição do Foro de São Paulo, que ocorre em Caracas, oferece uma ocasião única para as esquerdas do mundo confrontarem ideias e definirem ações em um mundo de areias movediças. "Sem uma concertação em escala mundial será difícil fazer frente a situações como a que atravessa o Paraguai", disse o eurodeputado espanhol Willy Meyer (foto), da Esquerda Unida. O artigo é de Eduardo Febbro, enviado especial da Carta Maior a Caracas.
Eduardo Febbro - Direto de Caracas
Caracas - Pela primeira vez desde sua
criação, o Foro de São Paulo celebra sua edição, a 18ª, na capital da
Venezuela. 600 convidados, mais de uma dezena de oficinas temáticas
convergem em Caracas sob um lema comum: “Os povos do mundo unidos contra
o neoliberalismo e pela paz”. Em plena debacle do neoliberalismo, o
Foro oferece uma ocasião única para as esquerdas do mundo confrontarem
ideias e definirem ações em um mundo de areias movediças. Jorge
Mazzarovich, presidente da Comissão de Assuntos e Relações
Internacionais da Frente Ampla, do Uruguai, destacou em Caracas que
estes acontecimentos servem para dar um novo impulso aos processos de
unidade e solidariedade entre os povos latino-americanos. Para
Mazzarovich, nisso residem “as bases da mudança, ou seja, de uma
integração solidária e complementar. É contra isso que se enfrenta o
imperialismo”.
Esta XVIII edição venezuelana do Foro de São Paulo se articula em torno de 14 oficinas temáticas, entre as quais se destacam os temas da defesa, da democratização da informação e da comunicação, meio ambiente e mudança climática, migrações, movimentos sindicais e sociais, povos originários, segurança agroalimentar, segurança e narcotráfico. O Foro deu também um lugar destacado às mulheres e aos jovens que farão um balanço da experiência técnica, econômica, política e social dos governos de esquerda na América Latina.
O secretário executivo do Foro, Walter Pomar, assinalou que a pluralidade das esquerdas “nos dá uma capacidade de debate e uma incidência muito maior na realidade”. O primeiro ato oficial do Foro ficou a cargo de parlamentares latino-americanos que aprovaram uma dezena de declarações e resoluções em solidariedade a Cuba, Haiti e à reivindicação argentina pelas Ilhas Malvinas. Em uma série de declarações especiais, os parlamentares defenderam a independência de Porto Rico, o direito da Palestina “ser um Estado livre e independente” e a luta do povo boliviano. Os parlamentares também aprovaram uma resolução contra o golpe de Estado no Paraguai e um texto de repúdio às “bases militares estrangeiras” instaladas na América Latina.
O Paraguai foi um dos temas prediletos nos primeiros debates. A histórica senadora colombiana e defensora dos Direitos Humanos, Piedad Córdoba, disse ontem que “o que ocorreu no Paraguai é reflexo do golpe de Estado em Honduras, mas com uma cirurgia legislativa”. Piedad Córdoba está no Foro representando o movimento colombiano Marcha Patriótica. Neste contexto, Córdoba disse esperar que o documento final do Foro se expresse sobre o conflito armado na Colômbia.
Já o eurodeputado espanhol Willy Meyer – membro da Esquerda Unida – observou que sem uma concertação em escala mundial será difícil fazer frente a situações como a que atravessa o Paraguai em função de que o golpe contra Fernando Lugo obedece a uma lógica política importada dos Estados Unidos. “O Paraguai necessita de uma resposta internacional da esquerda, porque a extrema-direita dos Estados Unidos está utilizando todas as vias para dobrar a vontade democrática dos povos”, disse Meyer.
Esta quase cúpula das esquerdas que é realizada na Venezuela permite encontrar dirigentes de todo o mundo que estão hoje na linha de frente da conjuntura mundial. Esse é o caso da deputada grega Rena Dourou, membro da coalizão da esquerda radical grega Syriza. Dourou colocou ênfase sobre um dos grandes paradoxos das democracias ocidentais: não só estão sob controle dos poderes econômicos, como assiste-se ao renascimento de grupos que reivindicam sem reparos seus laços com a ideologia de Hitler. O partido neonazista Aurora Dourada obteve mais de 7% de votos nas eleições legislativas realizadas na Grécia em meados de julho. Rena Dourou destacou essa curiosa coincidência: “O paradoxo está no fato de que a democracia nasceu na Grécia e agora ali surge o neonazismo. A Grécia é o berço da democracia e pode ser fatal para a Europa que o nazismo se instale lá”.
Quer sejam latino-americanos, europeus ou de outras partes do mundo, a mensagem central do primeiro dia de debates teve muito a ver com a convergência e com a racionalidade na ação. O eurodeputado Willy Meyer observou a respeito que “no Foro de São Paulo devemos nos colocar de acordo em torno de agendas comuns contra o neoliberalismo, a guerra e a agressão permanente aos povos e aos trabalhadores”.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Esta XVIII edição venezuelana do Foro de São Paulo se articula em torno de 14 oficinas temáticas, entre as quais se destacam os temas da defesa, da democratização da informação e da comunicação, meio ambiente e mudança climática, migrações, movimentos sindicais e sociais, povos originários, segurança agroalimentar, segurança e narcotráfico. O Foro deu também um lugar destacado às mulheres e aos jovens que farão um balanço da experiência técnica, econômica, política e social dos governos de esquerda na América Latina.
O secretário executivo do Foro, Walter Pomar, assinalou que a pluralidade das esquerdas “nos dá uma capacidade de debate e uma incidência muito maior na realidade”. O primeiro ato oficial do Foro ficou a cargo de parlamentares latino-americanos que aprovaram uma dezena de declarações e resoluções em solidariedade a Cuba, Haiti e à reivindicação argentina pelas Ilhas Malvinas. Em uma série de declarações especiais, os parlamentares defenderam a independência de Porto Rico, o direito da Palestina “ser um Estado livre e independente” e a luta do povo boliviano. Os parlamentares também aprovaram uma resolução contra o golpe de Estado no Paraguai e um texto de repúdio às “bases militares estrangeiras” instaladas na América Latina.
O Paraguai foi um dos temas prediletos nos primeiros debates. A histórica senadora colombiana e defensora dos Direitos Humanos, Piedad Córdoba, disse ontem que “o que ocorreu no Paraguai é reflexo do golpe de Estado em Honduras, mas com uma cirurgia legislativa”. Piedad Córdoba está no Foro representando o movimento colombiano Marcha Patriótica. Neste contexto, Córdoba disse esperar que o documento final do Foro se expresse sobre o conflito armado na Colômbia.
Já o eurodeputado espanhol Willy Meyer – membro da Esquerda Unida – observou que sem uma concertação em escala mundial será difícil fazer frente a situações como a que atravessa o Paraguai em função de que o golpe contra Fernando Lugo obedece a uma lógica política importada dos Estados Unidos. “O Paraguai necessita de uma resposta internacional da esquerda, porque a extrema-direita dos Estados Unidos está utilizando todas as vias para dobrar a vontade democrática dos povos”, disse Meyer.
Esta quase cúpula das esquerdas que é realizada na Venezuela permite encontrar dirigentes de todo o mundo que estão hoje na linha de frente da conjuntura mundial. Esse é o caso da deputada grega Rena Dourou, membro da coalizão da esquerda radical grega Syriza. Dourou colocou ênfase sobre um dos grandes paradoxos das democracias ocidentais: não só estão sob controle dos poderes econômicos, como assiste-se ao renascimento de grupos que reivindicam sem reparos seus laços com a ideologia de Hitler. O partido neonazista Aurora Dourada obteve mais de 7% de votos nas eleições legislativas realizadas na Grécia em meados de julho. Rena Dourou destacou essa curiosa coincidência: “O paradoxo está no fato de que a democracia nasceu na Grécia e agora ali surge o neonazismo. A Grécia é o berço da democracia e pode ser fatal para a Europa que o nazismo se instale lá”.
Quer sejam latino-americanos, europeus ou de outras partes do mundo, a mensagem central do primeiro dia de debates teve muito a ver com a convergência e com a racionalidade na ação. O eurodeputado Willy Meyer observou a respeito que “no Foro de São Paulo devemos nos colocar de acordo em torno de agendas comuns contra o neoliberalismo, a guerra e a agressão permanente aos povos e aos trabalhadores”.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Carta Maior
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