Rompido com o PT em importantes capitais, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB assegura que a aliança nacional entre as legendas permanece inabalada. Mas até mesmo o ex-presidente Lula, que sempre o viu como um grande aliado histórico, começa a desconfiar de suas verdadeiras intenções. Será que dá pra contornar?
Com as diversas crises regionais entre o PT e o PSB instaladas, o
projeto nacional do governador de Pernambuco e presidente dos
socialistas, Eduardo Campos, tem sido, a todo momento, apontado como
principal válvula dessas rupturas. No entanto, o gestor, que prefere não
se prolongar publicamente sobre o assunto, garante que nada do que vem
sendo dito procede, assegurando que aliança entre as duas legendas, no
governo da presidente Dilma Rousseff, segue inabalada. Será mesmo? Para o
ex-ministro José Dirceu e, principalmente, para os candidatos petistas
que disputam contra o PSB em suas respectivas cidades, não. O que deixa o
gestor pernambucano numa situação de desconforto até mesmo com o maior
cardeal da legenda, o ex-presidente Lula. Dá para contornar?
A resposta para a pergunta acima não é das mais simples, uma vez que
Campos, desde que assumiu o Governo de Pernambuco em 2007, ainda não
havia desagradado a Lula. O ex-presidente, que convocou o aliado
histórico para uma conversa na semana passada, não só não digeriu o fato
do PSB lançar candidatura própria contra o PT, no Recife (PE), como
também o alinhamento do socialista ao senador Jarbas Vasconcelos (PMDB),
justamente um dos principais críticos de sua gestão à frente do
Planalto.
Inclusive, já corre a informação de que Lula teria dito a Eduardo que
o PT anda “desconfiando” do que estaria por trás das movimentações do
PSB no Recife, em Fortaleza (CE) e em Belo Horizonte (MG). O fato de
Campos ter se aliado a Jarbas tem sido interpretado, entre os petistas,
como uma tentativa de aproximação com o PMDB – a parcela que não apoia o
governo, que hoje não tem perspectiva de lançar um nome próprio para a
Presidência da República, em 2014. Quadro bem diferente do PT, que
deverá seguir com a possibilidade de reeleição da presidente Dilma
Rousseff ou mesmo com o retorno de Lula, e do PSDB, que tem Aécio Neves
como prévio candidato.
Com a possiblidade do PMDB somar forças ao PSD, de Gilberto Kassab,
ao seu lado, o governador de Pernambuco parece ter o embrião de uma
plataforma para a disputar a próxima eleição presidencial com força
equivalente a percebida apenas no PT e no PSDB atualmente. Esse prisma
já fora cantado, há um bom tempo, por petistas descrentes na continuação
da aliança com o PSB.
Porém, nesse momento, Eduardo Campos não gostaria de se indispor com a
presidente Dilma Rousseff, devido às incontáveis parcerias entre o seu
governo e o Federal. Apesar do bom momento econômico que atravessa,
Pernambuco ainda depende muito dos repasses e ações conjuntas com a
União. Tanto que boa parte das grandes obras no Estado conta com o dedo
do ex-presidente Lula. O fim da aliança agora poderia representar o
“fechamento das torneiras” para a sua gestão, que pode ser a grande
plataforma de sua campanha presidencial. E isso, definitivamente, o
socialista não quer.
Gilberto Prazeres, PE247
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