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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Mujica ratifica apoio do Uruguai à entrada da Venezuela no Mercosul

 


Presidente lembrou que parlamento do país já havia aprovado ingresso dos venezuelanos no bloco regional
    
  
   


O presidente do Uruguai, José Mujica, ratificou a decisão de apoiar o ingresso da Venezuela como membro pleno do Mercosul em entrevista ao jornal local La Republica nesta quarta-feira (04/07).

O pronunciamento veio em resposta à polêmica levantada pelo chanceler uruguaio, Luis Almagro, que questionou a constitucionalidade da entrada do país no bloco. “Nós fomos especialmente contrários à entrada da Venezuela nestas circunstâncias”, disse ele à rádio uruguaia El Espectador no último dia 2.


O diplomata também acusou Brasil e Argentina de terem pressionado o Uruguai a aceitar a entrada do país, o que foi negado por Mujica. “É certo que quem pediu a reunião reservada foi a presidente brasileira Dilma Roussef, mas estivemos de acordo os três”, afirmou o presidente.

O presidente uruguaio defendeu a atuação de seu chanceler e explicou que durante a reunião presidencial em que foi decidida a aprovação da entrada da Venezuela, surgiram novos elementos políticos que pesaram mais do que os jurídicos apontados por Almagro.

Agência Efe



A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner (esquerda), a do Brasil, Dilma Rousseff (centro) e o do Uruguai, José Mujica (direita), na reunião do Mercosur no último dia 29. 

Mujica também lembrou em sua entrevista que o parlamento uruguaio já havia aprovado a incorporação do país no Mercosul de modo que "não poderia vetar o eventual ingresso da Venezuela no bloco". A Venezuela, acrescentou, "é muito mais que um governo, é uma nação irmã exportadora de energia e compradora de comida. E ficamos muitos anos mendigando ao Senado paraguaio para que permitisse seu ingresso no Mercosul".

O presidente aproveitou a oportunidade para criticar mais uma vez o senado paraguaio pelo processo de impeachment que destituiu Fernando Lugo. "Esse mesmo senado que há cinco anos (...) [nega] o ingresso da Venezuela ao Mercosul com argumentos imorais e triviais, agora destitui um presidente, o substitui como quem troca de camisa, e desconhece o pedido de mais de uma dezena de chanceleres", declarou.

Histórico

A Venezuela pleiteia a entrada no Mercosul como membro pleno desde 2006. Apesar de ter cumprido todos os requisitos necessários, o país ainda não havia conseguido permissão para integrar o grupo por causa do senado paraguaio.

Os legislativos do Brasil, Uruguai e Argentina já haviam aprovado a participação do país no bloco e aguardavam apenas uma mudança na posição paraguaia.

O Mercosul suspendeu a participação do novo governo do Paraguai do bloco como resposta ao golpe que destituiu Lugo na semana passada. Durante a reunião presidencial do grupo, que reuniu os representantes do Brasil, Argentina e Uruguai, o ingresso da Venezuela foi aprovado.

A Venezuela passará a ser membro pleno do Mercosul a partir da próxima reunião do bloco em 31 de julho deste ano, no Rio de Janeiro. “É um dia histórico que deve ser comemorado e que terá repercussão geopolítica em primeiro lugar”, declarou o presidente venezuelano, Hugo Chávez, neste sábado (30/07) a rede televisiva TeleSur em referência a decisão do Mercosul.

No entanto, o chanceler do Uruguai, que estava presente na reunião da Cúpula, afirmou nesta segunda-feira (02/07) que seu país não apoiou a entrada da Venezuela no Mercosul no último dia 29. “A iniciativa foi mais do Brasil, e o posicionamento brasileiro foi decisivo nessa história", afirmou Almagro.

Sua posição foi seguida pelo vice-presidente uruguaio, Danilo Astori. "Não compartilho a decisão de aceitar o ingresso da Venezuela como um membro pleno porque se trata de uma agressão institucional muito importante para o Mercosul", declarou ele.

Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República do Brasil para assuntos internacionais, se defendeu das acusações, sustentando que o governo brasileiro não fez nenhuma pressão sobre os demais países.

O pronunciamento de Mujica veio para colocar fim à controvérsia levantada entre os dois países.

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