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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Documento revela verdadeiras motivações do golpe de Estado e chama à mobilização

                         
 
 

Natasha Pitts

Os verdadeiros motivos para a destituição de Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai, vão muito além da morte dos campesinos e policiais na fazenda de Curuguaty, vão além da insegurança no país e do apoio de Lugo à aprovação do Protocolo de Ushuaia. No documento "Paraguai: Ocupação Corporativa e Tecido de Resistência dos Povos”, a organização ‘Tecido de Comunicação e Relações Externas para a Verdade e Vida (ACIN)' coloca em evidência as verdadeiras motivações para o que foi chamado por Fernando Lugo de 'golpe de Estado express'.
O documento assegura que a destituição foi um golpe minuciosamente planejado e executado por e para o capital transnacional e as elites. No caso paraguaio, o apoio veio das grandes empresas Monsanto, Cargill, Syngenta e Río Tinto, interessadas em alvos como o Chaco paraguaio, região que vem sendo cobiçada para fins como a transformação dos bosques em pasto e para a construção de megaprojetos.
Dessa forma, as organizações sociais acreditam que "o golpe constitui uma etapa tática da imposição do ‘livre comércio' como entrega de territórios estratégicos às transnacionais”. E acreditam que, assim como aconteceu na Colômbia, México, Honduras e Haiti, agora no Paraguai "se move uma ficha mais para a ocupação global fascista para a acumulação”.
O interesse na ocupação de territórios paraguaios pode ser comprovado pelo estabelecimento, por parte do Comando Sul dos Estados Unidos, da base militar Mariscal Estigarribia em área estratégica, sempre com a desculpa da guerra contra o narcotráfico e o terrorismo. Mas em 2009, Fernando Lugo decidiu acabar com o convênio que permitia a manutenção da base militar, decisão que, definitivamente, não agradou.
Em 22 de junho conseguiram derrubar Fernando Lugo. Agora, segundo o documento, o objetivo é a eliminação de processos e movimentos indígenas e populares, a eliminação de todas as formas de resistência. A tática passa por ações como desaparições forçadas, tortura, ameaças, massacres, perseguições, processos, criminalização do protesto social, compra de líderes e cooptação.
Mas apesar da repressão e da perseguição, os movimentos populares paraguaios e internacionais ainda estão de pé e exigem que o poder de Fernando Lugo, único presidente do Paraguai, seja restituído para que ele possa dar continuidade ao seu mandato popular. Por consequência, o grupo golpista comandado por Federico Franco e a serviço dos ‘aparatos militares e paramilitares de terror em função de interesses corporativos transnacionais', deve ser destituído e processado.
As organizações indígenas e populares nacionais esperam que os governos do continente também possam colaborar e rechaçar de maneira firme o golpe do capital transnacional. Pedem os mandatários que não fiquem somente no campo das palavras, mas façam algo de concreto e prático para mostrar a indignação.
"Não são discursos e declarações enérgicas o que exigimos, mas ações que desafiem aos golpistas, exponham a arquitetura de poder e os interesses corporativos que as dirigem e façam tudo o que lhes corresponde para tratá-los como os criminosos que são e para restituir ao Paraguai (e a toda América Latina) seus territórios, sua soberania e o processo para a democracia que seu povo havia conseguido conquistar”, reivindicam, assegurando que o povo paraguaio não vai aceitar que o golpe seja encoberto por mentiras e legitimado, como em Honduras.
Os próximos passos são, a partir de agora, fortalecer a Frente Única para a Defesa da Democracia (FDD) como instância articuladora da resistência e elaborar de imediato uma agenda ou plano estratégico de resistência popular com objetivos claros que possam situar a resistência interna e as ações de solidariedade e mobilização internacionais.
"Comprometemo-nos a fazer o que esteja em nossas mãos para alcançar os objetivos com toda a criatividade e a ternura da solidariedade dos povos. Eles têm a memória de seus crimes para esmagar-nos, nós, os povos, temos nossa memória para resistir e fazer um mundo nosso, não para a ganância e a pilhagem, mas para a justiça e a liberdade em harmonia com a Mãe Terra”, encerra o documento.
Os/as interessados em firmar um compromisso solidário com a causa paraguaia podem enviar sua adesão para o e-mail: pueblosencamino@yahoo.com.
Leia AQUI o documento na íntegra.

Adital

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