Seminário debate a maior operação político-militar na época da ditadura
A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), presidente da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, ligada à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, afirmou que a tortura não pode ser resolvida com perdão, mas com punição. "Não se trata de uma vontade pessoal, mas de uma demanda da sociedade", disse.A declaração foi dada durante o Seminário Internacional Operação Condor, promovido pela comissão parlamentar. Criada em 1960, a operação foi uma aliança político-militar entre os regimes ditatoriais de cinco países da América do Sul: Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. O objetivo era coordenar a repressão aos opositores dessas ditaduras e eliminar líderes de esquerda que militavam nos cinco países.
Durante dois dias o seminário reuniu na Câmara, jornalistas, escritores, professores e juizes de seis países, os cinco da América do Sul mais os Estados Unidos, para discutir a operação feita por esses países nos anos 60 para reprimir a atuação de ativistas de esquerda, que combatiam a ditadura militar.
Os deputados Ivan Valente e Chico Alencar participaram do seminário coordenando as mesas que da debateram a Operação Condor no Chile e no Paraguai, respectivamente.
O Seminário Internacional Operação Condor terminou com a aprovação de um documento intitulado Carta à Brasília, que repudiou a retirada de Fernando Lugo da presidência do Paraguai. O documento também pede o julgamento e a punição dos torturadores que atuaram durante a Operação Condor.
Leia algumas considerações dos palestrantes do Seminário.
."Quem criou a operação foi a ditadura brasileira. Antes fazia essa afirmação com base em testemunhos. Hoje temos documentos que comprovam esse fato. Quando ocorreu o golpe no Chile, em 1973, o embaixador brasileiro no país disse: 'Ganhamos'. Mais de cinco mil brasileiros estavam exilados lá. Logo depois do golpe, mais de 100 foram presos". Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke.
"Durante a Operação Condor, os Estados Unidos colocaram à disposição da operação um sistema de telecomunicações com base no Panamá. Essa é uma prova do papel encoberto dos Estados Unidos na operação. Essa base de telecomunicação foi uma plataforma para a intervenção na América Latina". Professora e diretora do Programa de Estudos sobre a América Latina na Long Island University de Nova Iorque, J. Patrice McSherry.
"O Brasil foi o país que mais demorou a discutir e tornar pública a Operação Condor. As vítimas brasileiras da ditadura tiveram dificuldades de romper a resistência dos militares e de setores da imprensa em esclarecer os fatos ocorridos durante o regime ditatorial no País. Conhecer a verdade é resgatar a memória e consolidar a democracia. A história pode ser circular e pode haver retrocessos na história". Médico, professor e escritor Alfredo Boccia Paz, do Paraguai.
Dez mil vítimas da ditadura militar no país [Argentina] já foram identificadas. Essas vítimas foram identificadas com a abertura de mil processos contra pessoas acusadas de tortura, entre elas chefes dos centros clandestinos de detenção e chefes das Forças Armadas. Até agora, 250 já foram condenados por crimes graves. Os números são provisórios porque esse processo está em desenvolvimento". Juiz federal da Argentina, Daniel Rafecas
"A operação promoveu o extermínio dos atores sociais que podiam alterar o livre jogo do mercado. Os militares não estavam sozinhos. Eles precisavam de dinheiro, transportes e comunicação. Atualmente houve um retrocesso. O Estado uruguaio não quer saber quem cometeu os delitos. O Uruguai amparou a impunidade". Jornalista do Uruguai Samuel Blinxen.
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Pravda.ru
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