Por: Valdir Pereira
Toda essa história do envolvimento de Carlos Augusto de
Almeida Ramos, Carlos Cachoeira, nas estruturas do poder em Goiás, onde exerce
poder absoluto, influindo, inclusive, na indicação de nomes que compõe o
governo, demonstra que o governador Marcondes Pirillo, mais o Demóstenes Torres,
um dos representantes do Estado no Senado, estão atolados até o pescoço no
esquema criminoso do bicheiro.
As escutas telefônicas, efetuadas pela polícia federal, na
operação Monte Carlo, em 2009, e na gaveta do procurador geral da República, Roberto
Gurgel, apontam o envolvimento, alem do governador e do Senador, figuras
importantes da política goiana, parlamentares de vários partidos e também de
outros estados, e em particular a revista do magnata midiático Roberto Civita,
dono da Veja, no esquema de Cachoeira. O Homem da Veja, flagrado em mais de 200
telefonemas, Policarpo Junior, editor-chefe da revista, era o elo de ligação com Cachoeira que montava esquemas de escuta e
gravação de vídeos, envolvendo figuras de proa do governo e do PT, sob
inspiração da revista, fazendo o jogo
sujo da oposição.
Agora, com a CPI conjunta do Senado e Câmara, pode-se apurar
até onde os tentáculos do esquema criminoso chegava e até que ponto se
beneficiava materialmente desses contatos. Vai ser possível aquilatar o
resultado prático do tamanho de suas operações e de quem participava delas, quais
os objetivos financeiros e políticos envolvidos e a quem, em ultima instância,
o esquema servia; desde que apurados rigorosamente os fatos; desde que não haja
corpo mole e nem conivência por parte dos parlamentares, representantes dos
partidos na CPI.
Mas, se apurados com competência, com a participação da PF e
do Judiciário, muita sujeira vai emergir do esquema Cachoeira, inclusive o escândalo
do “mensalão”, que abalou o governo Lula e motivou a queda de José Dirceu, com
o envolvimento de seu auxiliar Waldomiro Diniz, numa escuta produzida em 2002,
pelos arapongas, Jairo Martins e Dadá, a serviço de Carlos Cachoeira, irão
desnudar toda armação contra o ministro da Casa Civil do governo Lula.
Waldomiro Diniz, no grampo gravado, pede dinheiro a Carlos Cachoeira em troca
do favorecimento em um contrato da Caixa Econômica Federal com a G-Tech,
empresa que operava o sistema de loterias do Brasil, cujo contrato estava
sub-judice e Cachoeira tinha interesse em reativa-lo.
Em 30 de março de 2004, na calada da madrugada, o subprocurador,
José Roberto Santoro, Mino Pedrosa, jornalista da Veja e Carlos Cachoeira,
armam um depoimento de Cachoeira para incriminar Waldomiro Diniz, detonar o
governo Lula e “ferrar” José Dirceu, conforme conversas publicadas no Blog do
Rovai, extraídas da fita da conversa entre eles, antes do depoimento prestado
por Cachoeira.
Logo a seguir, num grampo publicado pela revista Veja, Mauricio
Marinho, diretor dos Correios, aparece recebendo propina de empresários de
empresas ligadas ao Correio que motivaram seu afastamento. Roberto Jeferson, o
padrinho de Mauricio, já em conflito com o governo e seu ministro da Casa
Civil, não gostou nada do grampo e denunciou um pretenso esquema de apoio ao
governo, alimentado através de propina, que ele apelidou de mensalão, comandado
por José Dirceu, seu desafeto.
Esse foi um prato cheio para oposição, alimentado
diariamente pela grande mídia, chamada de PIG, por Paulo Henrique Amorim, o
desdobramento foi a cassação do mandato de José Dirceu, de deputado Federal, e
abertura de processo, contra os envolvidos, em curso STF.
Decorridos 7 anos, do caso “mensalão”, a mídia realimenta o
assunto quase que diariamente, exigindo, por sua atitude, um julgamento político,
condenando, à priori, os réus do
processo, mesmo que provas não hajam, para satisfazer as ambições políticas da
oposição e amainar a ira da direita raivosa.
Do meu lado, sei que tudo isso foi forjado, visando
enfraquecer e derrotar um projeto político de caráter popular e independente
para o país, que incomoda os interesses do canibalismo predador multinacional e
as bestas feras nacionais.
A reforma política, em debate na Câmara, será um instrumento
importante para minimizar ou erradicar negociações espúrias em torno de
financiamentos de custeio para campanhas eleitorais, efetuadas pelos partidos que
buscam esses recursos no setor privado, que depois cobram a fatura. O
financiamento público de campanha, a lista pré-ordenada, o voto na legenda, fidelidade
partidária, e outras, serão o ingrediente necessário para se acabar com
promiscuidade na política e aprofundar a democracia no país.
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