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sexta-feira, 13 de abril de 2012

O ALVO ERA LULA, SOBROU PARA DIRCEU: A FARSA DO MENSALÃO



Por: Valdir Pereira

Toda essa história do envolvimento de Carlos Augusto de Almeida Ramos, Carlos Cachoeira, nas estruturas do poder em Goiás, onde exerce poder absoluto, influindo, inclusive, na indicação de nomes que compõe o governo, demonstra que o governador Marcondes Pirillo, mais o Demóstenes Torres, um dos representantes do Estado no Senado, estão atolados até o pescoço no esquema criminoso do bicheiro.

As escutas telefônicas, efetuadas pela polícia federal, na operação Monte Carlo, em 2009, e na gaveta do procurador geral da República, Roberto Gurgel, apontam o envolvimento, alem do governador e do Senador, figuras importantes da política goiana, parlamentares de vários partidos e também de outros estados, e em particular a revista do magnata midiático Roberto Civita, dono da Veja, no esquema de Cachoeira. O Homem da Veja, flagrado em mais de 200 telefonemas, Policarpo Junior, editor-chefe da revista, era o elo de ligação  com Cachoeira que montava esquemas de escuta e gravação de vídeos, envolvendo figuras de proa do governo e do PT, sob inspiração da revista,  fazendo o jogo sujo da oposição.

Agora, com a CPI conjunta do Senado e Câmara, pode-se apurar até onde os tentáculos do esquema criminoso chegava e até que ponto se beneficiava materialmente desses contatos. Vai ser possível aquilatar o resultado prático do tamanho de suas operações e de quem participava delas, quais os objetivos financeiros e políticos envolvidos e a quem, em ultima instância, o esquema servia; desde que apurados rigorosamente os fatos; desde que não haja corpo mole e nem conivência por parte dos parlamentares, representantes dos partidos na CPI.

Mas, se apurados com competência, com a participação da PF e do Judiciário, muita sujeira vai emergir do esquema Cachoeira, inclusive o escândalo do “mensalão”, que abalou o governo Lula e motivou a queda de José Dirceu, com o envolvimento de seu auxiliar Waldomiro Diniz, numa escuta produzida em 2002, pelos arapongas, Jairo Martins e Dadá, a serviço de Carlos Cachoeira, irão desnudar toda armação contra o ministro da Casa Civil do governo Lula. Waldomiro Diniz, no grampo gravado, pede dinheiro a Carlos Cachoeira em troca do favorecimento em um contrato da Caixa Econômica Federal com a G-Tech, empresa que operava o sistema de loterias do Brasil, cujo contrato estava sub-judice e Cachoeira tinha interesse em reativa-lo.

Em 30 de março de 2004, na calada da madrugada, o subprocurador, José Roberto Santoro, Mino Pedrosa, jornalista da Veja e Carlos Cachoeira, armam um depoimento de Cachoeira para incriminar Waldomiro Diniz, detonar o governo Lula e “ferrar” José Dirceu, conforme conversas publicadas no Blog do Rovai, extraídas da fita da conversa entre eles, antes do depoimento prestado por Cachoeira.

Logo a seguir, num grampo publicado pela revista Veja, Mauricio Marinho, diretor dos Correios, aparece recebendo propina de empresários de empresas ligadas ao Correio que motivaram seu afastamento. Roberto Jeferson, o padrinho de Mauricio, já em conflito com o governo e seu ministro da Casa Civil, não gostou nada do grampo e denunciou um pretenso esquema de apoio ao governo, alimentado através de propina, que ele apelidou de mensalão, comandado por José Dirceu, seu desafeto.

Esse foi um prato cheio para oposição, alimentado diariamente pela grande mídia, chamada de PIG, por Paulo Henrique Amorim, o desdobramento foi a cassação do mandato de José Dirceu, de deputado Federal, e abertura de processo, contra os envolvidos, em curso STF.

Decorridos 7 anos, do caso “mensalão”, a mídia realimenta o assunto quase que diariamente, exigindo, por sua atitude, um julgamento político, condenando, à priori, os  réus do processo, mesmo que provas não hajam, para satisfazer as ambições políticas da oposição e amainar a ira da direita raivosa.

Do meu lado, sei que tudo isso foi forjado, visando enfraquecer e derrotar um projeto político de caráter popular e independente para o país, que incomoda os interesses do canibalismo predador multinacional e as bestas feras nacionais.

A reforma política, em debate na Câmara, será um instrumento importante para minimizar ou erradicar negociações espúrias em torno de financiamentos de custeio para campanhas eleitorais, efetuadas pelos partidos que buscam esses recursos no setor privado, que depois cobram a fatura. O financiamento público de campanha, a lista pré-ordenada, o voto na legenda, fidelidade partidária, e outras, serão o ingrediente necessário para se acabar com promiscuidade na política e aprofundar a democracia no país.

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