Pela primeira vez em sua história, os egípcios não sabem quem será seu próximo líder
Pela primeira vez na história egípcia, ninguém sabe quem será o líder do país em seis semanas.
As eleições presidenciais que começam nesta
quarta-feira, são as primeiras plenamente democráticas na história do
Egito, e a primeira sem um favorito claro para vencê-la.
Também é a primeira vez que o país presencia a realização de pesquisas
de opinião de forma confiável - mesmo que com resultados díspares.
A mais recente, feita para o Centro Baseera,
coloca na liderança o ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq, à frente do
ex-chanceler e chefe da Liga Árabe, Amr Moussa.
O independente islâmico Abdul Moneim Aboul
Fotouh está em terceiro lugar, e o candidato da Irmandade Muçulmana,
Mohammed Mursi, é o quarto.
Por outro lado, uma pesquisa realizada na semana anterior pelo jornal estatal Al-Ahram sugere que Moussa lidera com 40,8%, à frente de Shafiq (19,9%) Aboul Fotouh (17,8%), Mursi (9,4%) e, em seguida, Sabbahi (7%).
Essa pesquisa, feita entre 5 e 8 maio, ouviu 1,2 mil entrevistados.
Os ânimos estiveram exaltados durante a campanha
Outra pesquisa, do Gabinete de Informação e
Centro de Apoio à Decisão, que ouviu 1.390 pessoas entre 11 e 13 de
maio, aponta para diferenças pequenas na preferência pelos principais
candidatos: Shafiq com 12%, Amr Moussa, com 11%, Fotouh com 9%, Mursi
com 6% e Sabbahi com 5%.
Desconfiança
Muitos egípcios desconfiam das sondagens e
acreditam que elas possam ser manipuladas. Essa suspeita foi reforçada
pelo bom desempenho de Ahmed Shafiq, que parecia estar fazendo uma
recuperação de última hora. Shafiq, é um ex-general tido como candidato
favorito do Conselho Militar - embora os militares insistam que seriam
totalmente neutros na votação.
Mas, por outro lado, o Centro Baseera, cuja
pesquisa aponta para liderança de Shafiq, g não tem razão especial para
agradar os militares.
Sua pesquisa é financiada pelo jornal independente, de tendência liberal, Al-Masry al-yowm,
dirigido por Magued Osman, que foi ministro das Comunicações nos meses
após a queda de Mubarak. Ele não teria motivos para favorecer Shafiq.
Osman acredita que as diferenças dramáticas em
números das pesquisas ocorrem por terem sido feitas em horários
diferentes e de formas distintas, por telefone ou pessoalmente.
Para analistas, os dois participantes do
primeiro debate presidencial, Moussa e Fotouh, perderam votos por causa
de seus desempenhos ruins na TV. Ironicamente eles haviam sido
escolhidos para participar por estarem à frente nas intenções de votos.
Indecisos
Outro fator que influenciou na disparidade das
pesquisas é o grande número de eleitores indecisos. Na última pesquisa
do Baseera, eles eram 37,4%, a maioria deles mulheres em áreas rurais.
As eleições parlamentares do ano passado já
tinham revelado que mesmo os "formadores de opinião" no Cairo pouco
sabem sobre a opinião pública neste vasto país.
Muitos egípcios estão animados com a possibilidade de votar
O bom desempenho dos religiosos radicais,
conhecidos como salafistas nas áreas rurais, veio como uma surpresa
especial para muitas pessoas.
Talvez isso não seja de estranhar em um país que
nunca antes conheceu democracia plena ou qualquer outro meio confiável
de sondar a opinião pública.
Outra novidade: os egípcios não têm mais medo de
dar suas opiniões a estranhos ou expressar ideias independentes. E
apesar do legado de anos de apatia, muitos estão realmente empolgados
com a eleição.
O melhor palpite é que essa eleição deve ser
decidida fora do Cairo, nas áreas rurais, especialmente aquelas do Alto
Egito, perto do Mediterrâneo.
E um número muito grande dos eleitores ainda não escolheu seu candidato ou pode mudar de ideia na última hora.
BBC Brasil
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