Levante Popular da Juventude realizou protestos em diversas cidades do país contra ex-militares e ex-policiais acusados de tortura durante a ditadura militar. No Rio, o protesto aconteceu em frente a um prédio na rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, onde reside o general da reserva José Antônio Nogueira Belham, um dos ex-chefes da unidade do Doi-Codi na cidade em 1971, ano em que despareceu o ex-deputado federal Rubens Paiva, após ser detido em casa.
Rodrigo Otávio
Rio de Janeiro - O Levante Popular da
Juventude realizou nesta segunda-feira (14) em diversas cidades do país
denúncias contra militares, ex-militares, policiais e ex-policiais
acusados de tortura durante a ditadura militar. No Rio, o protesto
aconteceu em frente ao prédio nº 218 da rua Marquês de Abrantes, no
Flamengo, onde reside o general da reserva José Antônio Nogueira Belham,
um dos ex-chefes da unidade do Doi-Codi na cidade em 1971, ano em que
despareceu o ex-deputado federal Rubens Paiva, após ser detido em casa e
levado para a temida unidade do destacamento, no batalhão da Polícia do
Exército localizado na rua Barão de Mesquita, na Tijuca.
A manifestação aconteceu pela manhã e reuniu cerca de 50 pessoas, que com faixas, cartazes, “panelaços” em latas de tinta e esquetes teatrais chamaram a atenção da vizinhança e dos pedestres sobre a impunidade que desfrutam os acusados de crimes contra os direitos humanos e a necessidade de se conhecer a história do país a partir das esquinas de cada cidade, e não apenas dos livros e enciclopédias oficiais.
“O objetivo desta ação é demonstrar para a sociedade brasileira que a ditadura ainda está presente no país, ainda não se teve justiça. As pessoas, os prédios, tudo o que aconteceu durante o período da ditadura ainda está aqui, a gente não teve um processo de reparação mesmo. Então estamos aqui para avançar em um processo de se conseguir a justiça. O ‘escracho’ é uma forma de a gente denunciar para que as pessoas sintam que elas também devem tomar parte nesse processo. Queremos que isso seja um movimento da sociedade brasileira, não um movimento do Levante ou de grupos deex-presos. Queremos que a sociedade brasileira exija sua história de volta, exija sua reparação”, afirmou Camila Dias, que participou do protesto e estuda Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Denúncia feita, denúncia aceita pelos cidadãos surpreendidos pela barulheira dos jovens. “É isso aí, acho justo. Se o cara foi torturador não pode ficar sossegado assim. Eu queria é ver a cara dele agora”, disse José Nivaldo, zelador de 58 anos que assistia ao protesto na calçada do outro lado da rua, quase na esquina com a praia de Botafogo, local que serviu durante anos de moradia de outra infeliz personagem da ditadura militar. Ali, no imponente edifício de estilo neoclássico chamado Paraopeba, morreu impune em 2010 o ex-ministro da Justiça do governo Geisel, Armando Falcão, conhecido por cunhar a frase “nada a declarar” em suas aparições públicas, quando o quê a sociedade mais queria eram declarações sobre os desmandos dos governos militares. Se a justiça em sua voz oficial não falava, a voz das ruas falava. Durante anos uma singela pichação “Che vive” adornou a parede branca do prédio, a poucos palmos da porta de ferro preto de entrada.
Enquanto os estudantes estavam falando alto na rua, outros ainda demonstravam receio quanto ao tema. Um médico aposentado aparentava e se dizia feliz com o protesto, mas pediu anonimato à Carta Maior ao falar sobre a iniciativa do atual governo em rever o passado. “Tudo é válido. Acho que tem que pelo menos se levantar. Vamos ver se essa Comissão da Verdade dá em algo. Acho que não, botaram um período muito grande, indo lá no Getúlio Vargas. O negócio é de 64 para cá. Quer dizer, fizeram esse período longo já para desvirtuar a coisa”, afirmou.
Para Camila, o momento é propício para se avançar na discussão da Comissão da Verdade. “Tem que ser uma comissão construída pela sociedade, não por um ou outro, ou por um ministro. Para que realmente se haja justiça e não seja só um meio de se dizer que estão fazendo algo mas a justiça não apareça. O processo está em curso e a gente tem oportunidade de opinar sobre ele” disse ela, ressaltando que iniciativas como o “escracho” são um dos meios de se abrir a discussão com a sociedade.
A manifestação aconteceu pela manhã e reuniu cerca de 50 pessoas, que com faixas, cartazes, “panelaços” em latas de tinta e esquetes teatrais chamaram a atenção da vizinhança e dos pedestres sobre a impunidade que desfrutam os acusados de crimes contra os direitos humanos e a necessidade de se conhecer a história do país a partir das esquinas de cada cidade, e não apenas dos livros e enciclopédias oficiais.
“O objetivo desta ação é demonstrar para a sociedade brasileira que a ditadura ainda está presente no país, ainda não se teve justiça. As pessoas, os prédios, tudo o que aconteceu durante o período da ditadura ainda está aqui, a gente não teve um processo de reparação mesmo. Então estamos aqui para avançar em um processo de se conseguir a justiça. O ‘escracho’ é uma forma de a gente denunciar para que as pessoas sintam que elas também devem tomar parte nesse processo. Queremos que isso seja um movimento da sociedade brasileira, não um movimento do Levante ou de grupos deex-presos. Queremos que a sociedade brasileira exija sua história de volta, exija sua reparação”, afirmou Camila Dias, que participou do protesto e estuda Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Denúncia feita, denúncia aceita pelos cidadãos surpreendidos pela barulheira dos jovens. “É isso aí, acho justo. Se o cara foi torturador não pode ficar sossegado assim. Eu queria é ver a cara dele agora”, disse José Nivaldo, zelador de 58 anos que assistia ao protesto na calçada do outro lado da rua, quase na esquina com a praia de Botafogo, local que serviu durante anos de moradia de outra infeliz personagem da ditadura militar. Ali, no imponente edifício de estilo neoclássico chamado Paraopeba, morreu impune em 2010 o ex-ministro da Justiça do governo Geisel, Armando Falcão, conhecido por cunhar a frase “nada a declarar” em suas aparições públicas, quando o quê a sociedade mais queria eram declarações sobre os desmandos dos governos militares. Se a justiça em sua voz oficial não falava, a voz das ruas falava. Durante anos uma singela pichação “Che vive” adornou a parede branca do prédio, a poucos palmos da porta de ferro preto de entrada.
Enquanto os estudantes estavam falando alto na rua, outros ainda demonstravam receio quanto ao tema. Um médico aposentado aparentava e se dizia feliz com o protesto, mas pediu anonimato à Carta Maior ao falar sobre a iniciativa do atual governo em rever o passado. “Tudo é válido. Acho que tem que pelo menos se levantar. Vamos ver se essa Comissão da Verdade dá em algo. Acho que não, botaram um período muito grande, indo lá no Getúlio Vargas. O negócio é de 64 para cá. Quer dizer, fizeram esse período longo já para desvirtuar a coisa”, afirmou.
Para Camila, o momento é propício para se avançar na discussão da Comissão da Verdade. “Tem que ser uma comissão construída pela sociedade, não por um ou outro, ou por um ministro. Para que realmente se haja justiça e não seja só um meio de se dizer que estão fazendo algo mas a justiça não apareça. O processo está em curso e a gente tem oportunidade de opinar sobre ele” disse ela, ressaltando que iniciativas como o “escracho” são um dos meios de se abrir a discussão com a sociedade.
Fonte: Carta Maior
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