Parlamento brasileiro necessita solidificar suas estruturas de apoio popular. A representação do povo é ainda um arcabouço da democracia brasileira, mas a CPMI pode representar um avanço histórico nesse sentido
Ameaças de retaliação política estariam sendo feitas a parlamentares e partidos políticos que ousarem convocar Policarpo Júnior, editor chefe da Veja e o proprietário do grupo Abril, Roberto Civita.
Atitude desesperada, de quem quer encobrir a verdade dos fatos e impedir que a sociedade tome conhecimento pleno de todos os atos de corrupção gerados no esquema Cachoeira, operacionalizado por oposicionistas e jornalistas de colossais empresas de comunicação brasileiras.
Agem como se estivessem acima do bem e do mal, se compreendem muito maiores que o interesse social que deveriam cumprir e imunes à lei, que deveriam respeitar como qualquer pessoa, física ou jurídica.
Muito pior: estes jornalistas, sob ordens de seus poderosos chefões, rasgam as normas do bom jornalismo e descumprem a missão primordial da imprensa, que é informar a sociedade dos fatos relevantes, observando e/ou analisando os seus mais variados contextos.
A imprensa brasileira, em geral, salvo exceções, acredita-se mais poderosa até que os poderes constituídos da República, tanto que intentam pautar a mais alta corte do país para apressar o julgamento do mensalão, segundo os interesses que patrocinam, mas que não assumem publicamente.
O país está diante de uma grande oportunidade de ser passado a limpo, a começar pelo meio político, passando por escroques da imprensa, do empresariado e do judiciário.
O papel redentor do meio político
O papel que esta CPI pode desempenhar tem tudo para desentranhar outros fatos escabrosos e escândalos fedegosos, mas também servir como uma espécie de desinfetante ético, limpando tais setores de malfeitores conhecidos, falsos moralistas, supostos defensores da lei e deformadores de opinião.
O recuo diante da intimidação que alguns órgãos de imprensa advertem, significaria robustecer a crença de que o Parlamento brasileiro sucumbe a negociatas inconfessáveis e acordos vis, colocando o cidadão brasileiro em segundo plano na pauta das decisões do Congresso, espaço que deveria servir aos interesses do povo, em primeiro lugar.
Pelo contrário, avançar nestas investigações e convocar governadores, membros do judiciário, empresários e jornalistas, todos citados e envolvidos no esquema, conforme as escutas produzidas pelo trabalho da Polícia Federal na operação Monte Carlo, traria a cena a esperança de uma mudança dos rumos do Congresso e, salvo parlamentares que, voluntariamente, se inclinam em agir a margem da ética e da lei, poderia simbolizar a redenção do círculo político.
Sem a confiança da sociedade não há como o parlamento agir em conformidade com os anseios da maioria do povo. Atualmente a Câmara e o Senado brasileiros não gozam do respeito e da admiração de suas bases sociais, conforme as pesquisas de opinião divulgadas nos últimos anos.
A vitória sobre esta desconfiança só se concretizará, gradualmente, com esforços legislativos incisivos em proveito da maioria e na prática contumaz de combate aos desvios de comportamento, não apenas aqueles cometidos por Cachoeira, Demóstenes Torres, Marconi Perillo, Construtora Delta e outros personagens políticos e do meio empresarial envolvidos.
Mostrar ao povo os falsos moralistas
A sociedade brasileira precisa saber que aqueles que se intitulam
formadores de opinião, que ostentam as etiquetas das grandes marcas das
comunicações, também agiram e ainda agem para enganá-los, desinformando
e, quando não, se associando ao crime organizado para benefício próprio
ou em favor de poucos.
O brasileiro comum quer que a apuração dos graves fatos não se restrinja apenas aos nomes já veiculados pela imprensa, mas precisa que chegue aos nomes que a própria mídia se recusa a divulgar, muitos deles ocupantes de cargos importantes no setor.
O brasileiro comum quer que a apuração dos graves fatos não se restrinja apenas aos nomes já veiculados pela imprensa, mas precisa que chegue aos nomes que a própria mídia se recusa a divulgar, muitos deles ocupantes de cargos importantes no setor.
Setores da imprensa, historicamente ligados a causas infiéis ao
interesse nacional, agem corporativamente para safar-se das penas que
suas ações fora da lei podem causar.
O Congresso brasileiro precisa desentocar tais agentes midiáticos a
serviço do crime ou da desinformação social, pois, no mínimo, atentaram
contra a ética e o bom jornalismo.
Senão condenam-se juntos, imprensa e parlamento, ao descrédito público mais agudo.
Fonte: Palavras Diversas
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