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terça-feira, 15 de maio de 2012

Oposição procurou paramilitares para tentar derrubar Chávez

 



Salvatore Mancuso, ex-líder paramilitar da Colômbia, revelou a possível conspiração, mas não disse quando e onde foram feitos os contatos


João Novaes

Militares e políticos da Venezuela ligados à oposição ao governo do presidente Hugo Chávez buscaram apoio e cooperação dos paramilitares colombianos. O objetivo era criar grupos da mesma natureza em solo venezuelano para viabilizar um golpe de Estado no governo bolivariano. A possível conspiração foi revelada nesta sexta-feira (11) pelo ex-guerrilheiro de extrema-direita Salvatore Mancuso, em uma entrevista à rádio colombiana Caracol.
O antigo comandante das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), principal grupo paramilitar colombiano, hoje dissolvido, está detido em uma prisão nos Estados Unidos. Ele afirmou que os pedidos eram feitos a Carlos Castaño, chefe máximo desta organização armada, que se encontra desaparecido.
"Em algum momento, alguns generais e políticos venezuelanos entraram em contato com as AUC, principalmente com o comandante Carlos Castaño", disse Mancuso. Extraditado aos Estados Unidos em 2008, Mancuso esclareceu que os venezuelanos que viajaram à Colômbia para se reunir com Castaño "não tinham com intenção de matar Chávez".
"Basicamente estavam cogitando a possibilidade participar de um golpe de Estado contra ele. (...) Havia forças militares venezuelanas que eram aliadas e leais ao comandante Chávez, mas outras não". Estas últimas "não tinham muita experiência em combate e queriam apoio e instrução para conseguir desenvolver um plano deste tipo", disse Mancuso.
Essas pessoas, segundo Mancuso, queriam "formar umas autodefesas na região (de fronteira comum) porque estavam sendo golpeados pela guerrilha (as FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que, sempre que se sentia ameaçada, partia em direção à Venezuela como refúgio".
Mancuso não detalhou as pessoas, datas e lugares que estavam por trás destes contatos, mas, segundo ele, os fatos mencionados "eram basicamente os temas que mais eram tratados".
O governo de Chávez foi acusado com frequência pelo Executivo do agora ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010) de permitir a presença de guerrilheiros no território venezuelano, entre eles comandantes das FARC e do ELN (Exército de Libertação Nacional).
Ao lado de Carlos Castaño e de seu irmão Vicente Castaño, também desaparecido, Mancuso chegou compartilhar a chefia máxima da organização.
As AUC, que reuniam grupos para lutar contra as guerrilhas e também para controlar atividades de tráfico de drogas, se dissolveram em meados de 2006 após o desarmamento gradual de mais de 31 mil paramilitares.
Por decisão de Uribe, que tinha prometido não extraditá-los, Mancuso e outros 12 comandantes das AUC foram entregues em maio de 2008 aos Estados Unidos. Os norte-americanos os reivindicavam sob acusações de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.


Brasil de Fato

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