Salvatore Mancuso, ex-líder paramilitar da
Colômbia, revelou a possível conspiração, mas não disse quando e onde
foram feitos os contatos
João Novaes
do Opera Mundi
Militares
e políticos da Venezuela ligados à oposição ao governo do presidente
Hugo Chávez buscaram apoio e cooperação dos paramilitares colombianos. O
objetivo era criar grupos da mesma natureza em solo venezuelano para
viabilizar um golpe de Estado no governo bolivariano. A possível
conspiração foi revelada nesta sexta-feira (11) pelo ex-guerrilheiro de
extrema-direita Salvatore Mancuso, em uma entrevista à rádio colombiana
Caracol.
O antigo comandante das AUC (Autodefesas
Unidas da Colômbia), principal grupo paramilitar colombiano, hoje
dissolvido, está detido em uma prisão nos Estados Unidos. Ele afirmou
que os pedidos eram feitos a Carlos Castaño, chefe máximo desta
organização armada, que se encontra desaparecido.
"Em
algum momento, alguns generais e políticos venezuelanos entraram em
contato com as AUC, principalmente com o comandante Carlos Castaño",
disse Mancuso. Extraditado aos Estados Unidos em 2008, Mancuso
esclareceu que os venezuelanos que viajaram à Colômbia para se reunir
com Castaño "não tinham com intenção de matar Chávez".
"Basicamente
estavam cogitando a possibilidade participar de um golpe de Estado
contra ele. (...) Havia forças militares venezuelanas que eram aliadas e
leais ao comandante Chávez, mas outras não". Estas últimas "não tinham
muita experiência em combate e queriam apoio e instrução para conseguir
desenvolver um plano deste tipo", disse Mancuso.
Essas
pessoas, segundo Mancuso, queriam "formar umas autodefesas na região
(de fronteira comum) porque estavam sendo golpeados pela guerrilha (as
FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que, sempre que se
sentia ameaçada, partia em direção à Venezuela como refúgio".
Mancuso
não detalhou as pessoas, datas e lugares que estavam por trás destes
contatos, mas, segundo ele, os fatos mencionados "eram basicamente os
temas que mais eram tratados".
O governo de
Chávez foi acusado com frequência pelo Executivo do agora ex-presidente
Álvaro Uribe (2002-2010) de permitir a presença de guerrilheiros no
território venezuelano, entre eles comandantes das FARC e do ELN
(Exército de Libertação Nacional).
Ao lado de
Carlos Castaño e de seu irmão Vicente Castaño, também desaparecido,
Mancuso chegou compartilhar a chefia máxima da organização.
As
AUC, que reuniam grupos para lutar contra as guerrilhas e também para
controlar atividades de tráfico de drogas, se dissolveram em meados de
2006 após o desarmamento gradual de mais de 31 mil paramilitares.
Por
decisão de Uribe, que tinha prometido não extraditá-los, Mancuso e
outros 12 comandantes das AUC foram entregues em maio de 2008 aos
Estados Unidos. Os norte-americanos os reivindicavam sob acusações de
tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
Brasil de Fato
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