Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
Um parlamentar que não parlamenta (fala, conversa, debate, ataca, defende, propõe) demonstra total desprezo por sua atividade; essa foi a postura, na manhã de hoje, diante da CPI do Cachoeira, de Demóstenes Torres; ele está à altura de seu mandato de senador da República?
Demóstenes, sim, fala, mas apenas quando convém, o que aconteceu por quase cinco horas, ontem, na Comissão de Ética do Senado. Neste ambiente que considerou mais amistoso, exclusivamente entre seus pares, o senador voltou a mostrar os lampejos da antiga postura enfática e assertiva. Chegou, claramente para emocionar, a dizer que voltara a acreditar em Deus, e confessou que, até então, agira muito mais pautado pela "política dos homens". Quase deu dó. Ele citou várias vezes, contrito, a sua família, colocando na roda mais uma instituição cara a todos. Por momentos, ao citar passagens do inquérito da PF, Demóstenes conseguiu, tecnicamente, passar a impressão de que estava mesmo disposto a enfrentar de cabeça erguida, em todos os foros, as provas e acusações existentes contra si. Mas bastaram 24 hora para essa farsa cair.
Diante dos integrantes da CPI, melhor informados sobre o inquérito da Operação Monte Carlo, da PF e, portanto, em condições de fazerem perguntas mais duras sobre sua destacada posição junto a Carlinhos Cachoeira, Demóstenes optou "pela faculdade" de ficar calado que a Constituição garante a todos os cidadãos.
O mutismo de Demóstenes irritou, em especial, o deputado Silvio Costa (PTB-PE). "O seu silêncio escreve em letras garrafais que 'eu, Demóstenes Torres, sou integrante da quadrilha de Carlinhos Cachoeira'", afirmou Costa. "O senhor não vai para o céu, que não é lugar para mentirosos, para hipócritas. O senhor é um ex-senador, esse silêncio vai fazer com que o senhor seja cassado por 80 votos no Senado". Costa foi interrompido pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), que apontou o artigo da Constituição que barra a humilhação a pessoas. Diante do bate-boca que se criou, o senador Vital do Rego (PMDB-PB) liberou Demóstes e liberou a sessão. Com a estratégia de ficar calado, a verdade é que o senador saiu da CPI derrotado.
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