Marcos Domich
O Sr. León Panetta - ex Diretor da CIA -
ocupa há alguns meses o cargo de Secretário de Defesa, portanto é o
chefe do Pentágono, o comandante das forças armadas mais poderosas e
temíveis do planeta. Panetta combina sua experiência adquirida na maior
agência de espionagem do mundo que está, como se diz em termos
coloquiais, “até a tampa” com a força do Pentágono, que se mete até
mesmo onde, também em termos coloquiais, “Judas perdeu as botas”.
Este bom senhor, bom enquanto não se
prove o contrário, realizou há pouco tempo um giro pela América do Sul.
Abarcou três países: começou pela Colômbia, continuou no Brasil e
terminou no Chile.
A visita a Colômbia é explicável. É o
país que mais ajuda militar recebe, e, segundo se sabe sobre isso, perde
apenas para Israel. É a ponta de lança contra a Venezuela. Porém, é
nesse país (Colômbia) que se cometem os piores abusos contra a população
civil, particularmente contra os trabalhadores rurais. A título de
combater às FARC, desalojaram milhares deles; lhes despojando de suas
terras e, finalmente, assassinando muitos deles a título de
“guerrilheiros” ou cooperantes dos guerrilheiros. Ali surgiu o termo
“falsos positivos”. Apresentavam pessoas mortas como atuantes
guerrilheiros, mas eram simples trabalhadores rurais que o governo
disfarçava para assassiná-los.
A passagem de Panetta pelo Brasil tem
uma só explicação: neutralizá-lo na questão bélica e fazer dele ponta de
lança, por acaso, para a suposta luta contra o narcotráfico. Porém, sua
estada no Chile encerra ainda mais perigo, sobretudo para o Cone Sul e
para a Bolívia.
Acontece que no dia 05 de abril
inauguraram o “Centro de Trenamento para Pessoal de Missões de Paz nos
Centros Urbanos”. Diz que, os soldados assim treinados atuariam em
situações de catástrofes naturais (inundações, terremotos, etc.) e
também… (aqui vem a verdade e Panetta já não é tão bom assim) “para
executar operações de manutenção da paz ou de estabilidade civil”. Estes
dados foram publicados na página da web do Consulado Estadunidense no
Chile.
Para o treinamento de pessoal foram
investidos 500.000 dólares na construção de 8 tipos de edifícios civis
urbanos. O centro está concentrado próximo de Valparaíso na localidade
costeira de Concón. Foi instalado na base pelo Acordo de Cooperação
subscrito pelo Subsecretário de Defesa, Oscar Izurieta, e pelo Chefe do
Comando Sul dos EUA, Gal. Douglas Frazer, em 2 de setembro de 2011.
O mais preocupante de tudo isto é que já
se conhece o treinamento de pessoal em “práticas policiais” para
controlar estudantes. Se mostra como se “reduz a civis, com o uso de
armamento militar de similares características à de um cenário de guerra
interna”. Não acaba nisto as projeções do acordo. Ele permite “a
presença de tropas dos EUA no caso de que o exército chileno seja
derrotado”. Porém não apenas isso, senão que o acordo estabelece “a
missão de velar pela estabilidade política da América do Sul”. “Patente
de corso”. Na verdade querem o lítio e os hidrocarbonetos bolivianos.
Podem apresentar como pretexto a intranquilidade social imperante e o
narcotráfico. Podem querer “proteger” a população civil. Como fizeram na
Líbia.
(*) Artigo publicado resumido em OPINIÓN de Cochabamba.
Tradução: PCB – Partido Comunista Brasileiro
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