por Gilson Caroni Filho*
Em
raras ocasiões, na conturbada história política brasileira, houve
tamanha unanimidade em torno de qual deve ser o destino de um ator
político relevante. Diariamente, em colunas e editorias dos jornalões,
em solenidades com acadêmicos e políticos de extração conservadora, em
convescotes de fim-de-semana da burguesia “cansada”, todos os que chegam
aos holofotes da mídia proferem a mesmíssima sentença: é preciso banir
de uma vez por todas da vida pública o ex-ministro José Dirceu.
O
comando dessa unanimidade é pautado por um curioso senso de urgência.
Não há pressa para atenuar os problemas estruturais do país e suas
estruturas arcaicas. Só se fala em ação imediata quando o assunto é
condenar o “chefe da quadrilha”, montada a partir do Palácio do Planalto
para comprar apoio político no Congresso. Poucas vezes, em um lance da
política, tantos conseguem perder ao mesmo tempo e na mesma dimensão. Na
sua sanha inquisitorial, a grande imprensa dá mostras de
pusilanimidade, de um espetáculo de fraqueza para dentro de si mesma e
de leviandade para fora. Sai em frangalhos, mas persevera no que
considera uma questão de honra.
Pouco
importa que falte materialidade e provas, é preciso requentar o
noticiário para criar condições políticas que permitam ir adiante. Mas
afinal o que move o ódio a José Dirceu?
O que o torna inimigo público de um esquema de forças que, em passado
recente, foi impecável em sua trajetória de encurralar o país, em nome
do desvairado fundamentalismo de mercado?
Desde
2002, paira sobre Dirceu o estigma de maquiavelismo. Seria apenas um
homem de poder, basicamente orientado para sua conservação, um homem do
contingente, que não faz política para a história? Os fatos e o decurso
do tempo respondem à acusação. O que torna impossível à grande imprensa
aceitar um retrato favorável do ex-ministro é a sua originalidade como
operador político de esquerda.
Todos
sabemos que um fato notável da política brasileira é que, apesar de
sucessivos deslocamentos políticos, desde a redemocratização do país, a
hegemonia dos processos de transição encontra-se com a mesma burguesia,
condutora do golpe de 1964. Hábil nas transações com o capital
estrangeiro, das quais auferiu vantagens para fortalecimento próprio, a
burguesia brasileira não foi menos sagaz no manejo do jogo político.
Comprova-o
a obra-prima que foi a eleição de Tancredo Neves (por mecanismo
antidemocrático imposto pelo regime militar), os anos Collor e os dois
mandatos de FHC. Para termos noção do que isso representou, até o PT,
oposto à coligação tancredista, não deixou de sentir a sua pressão, que
lhe provocou rachaduras parlamentares e perda de apoio em setores
expressivos da classe média.
Desde
a política de alianças que levou Lula à presidência, em 2002, às
articulações na Casa Civil, Dirceu frustrou expectativas que alimentavam
os cálculos das elites desde sempre encasteladas nas estruturas do
Estado. O PT que chegava ao poder seria um partido atordoado por suas
divisões internas e mergulhado em indefinições estratégicas. Um desvio
de curso que não teria vida longa.
A
direita apostava na incapacidade do PT em administrar o pragmatismo de
um estado corrupto e patrimonialista, como o nosso. Lembram-se do
Bornhausen e do Delfim? Previam, no máximo, dois anos de governo para o
PT em meio a crises institucionais. Coube ao Zé Dirceu, o “mensaleiro”, a
função de viabilizar a governabilidade de Lula e não permitir que esse
governo fosse vítima de crises agudas e sucessivas.
Quando
Dilma Vana Rousseff, oito anos depois, foi eleita a primeira mulher
presidente da República do Brasil, com mais de dez pontos de vantagem
sobre seu adversário, José Serra, muitos exaltaram a força do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Do alto de seu capital político, Lula teria
passado por cima do PT, escolhido sua candidata e conseguido eleger como
sucessora uma ex-assessora de perfil técnico, estabelecendo um fato
inédito: o terceiro mandato presidencial consecutivo para um mesmo
partido eleito democraticamente.
Nada
disso está incorreto, mas peca pela incompletude. Ferido, contundido
nos seus direitos, o operador político José Dirceu teve um papel
fundamental para o aprofundamento da democracia brasileira. Talvez,
quando o então presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, confirmou
oficialmente a vitória de Dilma, Dirceu tenha cantarolado os versos de
Aldir Blanc: “Mas sei / que uma dor assim pungente / não há de ser
inutilmente”.
Questões
de justiça são questões de princípio. Ao contrário do que pensam a
imprensa golpista, seus intelectuais orgânicos e acadêmicos
subservientes.
*Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.
SIMPLESMENTE ESTE ÓDIO DA IMPRENSA CONTRA VC ZÉ . É PORQUE ELA SEMPRE MANIPULOU O POVO DESDE A DITADURA. E COM A ASCENSÃO DO LULA METALURGICO PARA PRESIDENTE NÃO AGUENTOU. E COM A DILMA ENTÃO PIROU DE VEZ. ELA FOI SABOTADA LOGO DE CARA NÃO DEIXAVAM ELA TRABALHAR. COITADO DO LULA TRABALHOU ..PAGOU O FMI . DEFENDEU OS MAIS HUMILDES . PENSOU NO TODO E NÃO TENTAM DERRUBA-LO ATÉ HOJE. VC VIU ZÉ . ELE DOENTE N0 HOSPITAL E TINHA GENTE URUBUZANDO. OBRIGADO ZÉ PELO SEU PATRIOTISMO. E VÁ EM FRENTE . VC É VALENTE COMO A DILMA. ENCARE SEUS INIMIGOS OLHO NO OLHO.. QUERO VER ELES TE CONDENAR.. CONDENAR PORQUE??? PORQUE VC SABE DA VERDADEIRA HISTÓRIA DO BRASIL ???NÓS MILITANTES DO PT NÃO SOMOS SO PESSOAS SIMPLES ,.. SOMOS POLITIZADOS E NUNCA DUVIDAMOS DE VC . QDO VC PENSAR NO BRASIL. PENSE EM NÓS NA MILITÃNCIA DO PT. OS COMUNISTAS NOSSOS IRMÃOS QUE MORRERRAM.SUAS FAMILIAS.. TODOS NÓS SABEMOS E TORCEMOS POR VC . E OBRIGADO MAIS UMA VEZ POR VOCÊ SER UM DOS HOMENS MAIS PATRIOTAS QUE EXISTIU NESTE PAIS. O TEMPO SE ENCARREGARÁ DE AGEITAR AS COISAS. O MUNDO MUDOU. OS TEMPOS SÃO OUTROS. A GORA EXISTE A INTERNET.. SÃO JOVENS AOS MILHÕES CABEÇAS PENSANTES..
ResponderExcluirMuito bom, Natalia, sua avaliação está correta...
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