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sábado, 4 de agosto de 2012

José Dirceu: por que o ódio da imprensa?

 
por Gilson Caroni Filho*


Em raras ocasiões, na conturbada história política brasileira, houve tamanha unanimidade em torno de qual deve ser o destino de um ator político relevante. Diariamente, em colunas e editorias dos jornalões, em solenidades com acadêmicos e políticos de extração conservadora, em convescotes de fim-de-semana da burguesia “cansada”, todos os que chegam aos holofotes da mídia proferem a mesmíssima sentença: é preciso banir de uma vez por todas da vida pública o ex-ministro José Dirceu.
O comando dessa unanimidade é pautado por um curioso senso de urgência. Não há pressa para atenuar os problemas estruturais do país e suas estruturas arcaicas. Só se fala em ação imediata quando o assunto é condenar o “chefe da quadrilha”, montada a partir do Palácio do Planalto para comprar apoio político no Congresso. Poucas vezes, em um lance da política, tantos conseguem perder ao mesmo tempo e na mesma dimensão. Na sua sanha inquisitorial, a grande imprensa dá mostras de pusilanimidade, de um espetáculo de fraqueza para dentro de si mesma e de leviandade para fora. Sai em frangalhos, mas persevera no que considera uma questão de honra.
Pouco importa que falte materialidade e provas, é preciso requentar o noticiário para criar condições políticas que permitam ir adiante. Mas afinal o que move o ódio a José Dirceu? O que o torna inimigo público de um esquema de forças que, em passado recente, foi impecável em sua trajetória de encurralar o país, em nome do desvairado fundamentalismo de mercado?
Desde 2002, paira sobre Dirceu o estigma de maquiavelismo. Seria apenas um homem de poder, basicamente orientado para sua conservação, um homem do contingente, que não faz política para a história? Os fatos e o decurso do tempo respondem à acusação. O que torna impossível à grande imprensa aceitar um retrato favorável do ex-ministro é a sua originalidade como operador político de esquerda.
Todos sabemos que um fato notável da política brasileira é que, apesar de sucessivos deslocamentos políticos, desde a redemocratização do país, a hegemonia dos processos de transição encontra-se com a mesma burguesia, condutora do golpe de 1964. Hábil nas transações com o capital estrangeiro, das quais auferiu vantagens para fortalecimento próprio, a burguesia brasileira não foi menos sagaz no manejo do jogo político.
Comprova-o a obra-prima que foi a eleição de Tancredo Neves (por mecanismo antidemocrático imposto pelo regime militar), os anos Collor e os dois mandatos de FHC. Para termos noção do que isso representou, até o PT, oposto à coligação tancredista, não deixou de sentir a sua pressão, que lhe provocou rachaduras parlamentares e perda de apoio em setores expressivos da classe média.
Desde a política de alianças que levou Lula à presidência, em 2002, às articulações na Casa Civil, Dirceu frustrou expectativas que alimentavam os cálculos das elites desde sempre encasteladas nas estruturas do Estado. O PT que chegava ao poder seria um partido atordoado por suas divisões internas e mergulhado em indefinições estratégicas. Um desvio de curso que não teria vida longa.
A direita apostava na incapacidade do PT em administrar o pragmatismo de um estado corrupto e patrimonialista, como o nosso. Lembram-se do Bornhausen e do Delfim? Previam, no máximo, dois anos de governo para o PT em meio a crises institucionais. Coube ao Zé Dirceu, o “mensaleiro”, a função de viabilizar a governabilidade de Lula e não permitir que esse governo fosse vítima de crises agudas e sucessivas.
Quando Dilma Vana Rousseff, oito anos depois, foi eleita a primeira mulher presidente da República do Brasil, com mais de dez pontos de vantagem sobre seu adversário, José Serra, muitos exaltaram a força do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Do alto de seu capital político, Lula teria passado por cima do PT, escolhido sua candidata e conseguido eleger como sucessora uma ex-assessora de perfil técnico, estabelecendo um fato inédito: o terceiro mandato presidencial consecutivo para um mesmo partido eleito democraticamente.
Nada disso está incorreto, mas peca pela incompletude. Ferido, contundido nos seus direitos, o operador político José Dirceu teve um papel fundamental para o aprofundamento da democracia brasileira. Talvez, quando o então presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, confirmou oficialmente a vitória de Dilma, Dirceu tenha cantarolado os versos de Aldir Blanc: “Mas sei / que uma dor assim pungente / não há de ser inutilmente”.
Questões de justiça são questões de princípio. Ao contrário do que pensam a imprensa golpista, seus intelectuais orgânicos e acadêmicos subservientes.

*Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.



2 comentários:

  1. SIMPLESMENTE ESTE ÓDIO DA IMPRENSA CONTRA VC ZÉ . É PORQUE ELA SEMPRE MANIPULOU O POVO DESDE A DITADURA. E COM A ASCENSÃO DO LULA METALURGICO PARA PRESIDENTE NÃO AGUENTOU. E COM A DILMA ENTÃO PIROU DE VEZ. ELA FOI SABOTADA LOGO DE CARA NÃO DEIXAVAM ELA TRABALHAR. COITADO DO LULA TRABALHOU ..PAGOU O FMI . DEFENDEU OS MAIS HUMILDES . PENSOU NO TODO E NÃO TENTAM DERRUBA-LO ATÉ HOJE. VC VIU ZÉ . ELE DOENTE N0 HOSPITAL E TINHA GENTE URUBUZANDO. OBRIGADO ZÉ PELO SEU PATRIOTISMO. E VÁ EM FRENTE . VC É VALENTE COMO A DILMA. ENCARE SEUS INIMIGOS OLHO NO OLHO.. QUERO VER ELES TE CONDENAR.. CONDENAR PORQUE??? PORQUE VC SABE DA VERDADEIRA HISTÓRIA DO BRASIL ???NÓS MILITANTES DO PT NÃO SOMOS SO PESSOAS SIMPLES ,.. SOMOS POLITIZADOS E NUNCA DUVIDAMOS DE VC . QDO VC PENSAR NO BRASIL. PENSE EM NÓS NA MILITÃNCIA DO PT. OS COMUNISTAS NOSSOS IRMÃOS QUE MORRERRAM.SUAS FAMILIAS.. TODOS NÓS SABEMOS E TORCEMOS POR VC . E OBRIGADO MAIS UMA VEZ POR VOCÊ SER UM DOS HOMENS MAIS PATRIOTAS QUE EXISTIU NESTE PAIS. O TEMPO SE ENCARREGARÁ DE AGEITAR AS COISAS. O MUNDO MUDOU. OS TEMPOS SÃO OUTROS. A GORA EXISTE A INTERNET.. SÃO JOVENS AOS MILHÕES CABEÇAS PENSANTES..

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