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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

"Mensalão": O julgamento na imprensa


A grande mídia tem se esmerado na divulgação do julgamento do apelidado mensalão. Durante todos esses anos mantiveram o episódio em evidência como estratégia de convencimento da opinião pública da existência, do eles chamam, do maior escândalo de corrupção que país já viu, produzido no govêrno do ex-presidente Lula.
 Rejeitada a tese do uso de dinheiro público e dos pagamentos mensais, pois não houve freguência e continuidade de pagamentos aos políticos, desmentindo a versão de Roberto Jeferson, e com o recente julgamento do STJ,  reconhcendo  como válidas as contas do publicitário Marcos Valério com o Banco do Brasil, desmontaram as versões capciósas  sobre o caso, forçando algum recuo da mídia, que já reconhecem a inexistência do mensalão.
 Entretanto, a Veja e a Globo, resistem as evidências e aprofudaram suas investidas contra os réus, principalmente contra José Dirceu, exigindo do STF um julgamento político e a condenação dos acusados.
 As recentes reportagens sobre o caso que a Globo apresenta em seu jornal Nacional, atestam  e confirmam a pressão exercida junto aos ministros do STF, por um julgamento parcial e político, desconhecendo os autos e as provas.
Abaixo, reproduzo um artigo de Janio de Freitas, um fiél escudeiro do grupo Frias, que reconhece os exegeros da mídia e pede um julgamento justo. Vejamos,

Por Janio de Freitas

 O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal é desnecessário. Entre a insinuação mal disfarçada e a condenação explícita, a massa de reportagens e comentários lançados agora, sobre o mensalão, contém uma evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus saberes.

Os trabalhos jornalísticos com esforço de equilíbrio estão em minoria quase comovente.

Na hipótese mais complacente com a imprensa, aí considerados também o rádio e a TV, o sentido e a massa de reportagens e comentários resulta em pressão forte, com duas direções.

Uma, sobre o Supremo. Sobre a liberdade dos magistrados de exercerem sua concepção de justiça, sem influências, inconscientes mesmo, de fatores externos ao julgamento, qualquer que seja.

Essa é a condição que os regimes autoritários negam aos magistrados e a democracia lhes oferece.

Dicotomia que permite pesar e medir o quanto há de apego à democracia em determinados modos de tratar o julgamento do mensalão, seus réus e até o papel da defesa.

O outro rumo da pressão é, claro, a opinião pública que se forma sob as influências do que lhe ofereçam os meios de comunicação.

Se há indução de animosidade contra os réus e os advogados, na hora de um julgamento, a resposta prevista só pode ser a expectativa de condenações a granel e, no resultado alternativo, decepção exaltada. Com a consequência de louvação ou de repulsa à instituição judicial.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reforça o sentido das reportagens e dos comentários mais numerosos, ao achar que "o mensalão é o maior escândalo da história" --do Brasil, subentende-se.

O procurador-geral há de ter lido, ao menos isso, sobre o escândalo arquitetado pelo brilho agitador de Carlos Lacerda em 1954, que levou à República do Galeão, constituída por oficiais da FAB, e ao golpe iniciado contra Getúlio Vargas e interrompido à custa da vida do presidente.

Foi um escândalo de alegada corrupção que pôs multidões na rua contra Getúlio vivo e as fez retornar à rua, em lágrimas, por Getúlio morto.

Como desdobramento, uma série de tentativas de golpes militares e dois golpes consumados em 1955.

O procurador Roberto Gurgel não precisou ler sobre o escândalo de corrupção que levou multidões à rua contra Fernando Collor e, caso único na República, ao impeachment de um presidente. Nem esse episódio de corrupção foi escândalo maior?

E atenção, para não dizer, depois, que não recebemos a advertência de um certo e incerto historiador, em artigo publicado no Rio: "Vivemos um dos momentos mais difíceis da história republicana".

Dois inícios de guerra civil em 1930 e 1932, insurreição militar-comunista em 1935, golpe integralista abortado em 1937, levante gaúcho de defesa da legalidade em 1961, dezenas de tentativas e de golpes militares desde a década de 1920.

E agora, à espera do julgamento do mensalão, é que "vivemos um dos momentos mais difíceis da história republicana".

Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa com perspicácia e ousadia as questões políticas e econômicas. Escreve na versão impressa do caderno "Poder" aos domingos, terças e quintas-feiras.

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