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sábado, 5 de maio de 2012

Como se pode resolver a equação iraniana sem Israel?

 
Como se pode resolver a equação iraniana sem Israel?
© Colagem: Voz da Rússia

Teerã jamais suspenderá o programa de enriquecimento de urânio sem haver razões para encerrar a empresa subterrânea de produção de urânio em Fordo.

Quem o afirma é o representante iraniano na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, que discursou em 4 de maio pouco antes de uma nova ronda de conversações de Teerã com o sexteto de mediadores internacionais (cinco membros permanente do CS da ONU e a Alemanha), marcadas para o dia 23 do corrente.
Ambas as partes congratularam-se com os resultados da primeira ronda, que teve lugar em 14 de abril em Bagdá. Segundo a chefe da diplomacia da UE, Cathrine Ashton, desta feita são esperados novos passos concretos conducentes à solução definitiva do problema nuclear iraniano. É verdade que as posições das partes por enquanto são pouco congruentes. O Ocidente insiste em que Teerã feche a sua empresa em Fordo, supervisionada pela AIEA, suspenda as obras de enriquecimento do urânio até 20% e se livre dos excedentes de urânio altamente enriquecido por este não ser necessário em grandes quantidades para a indústria farmacêutica.
Teerã deu a conhecer a sua opinião sobre a questão, avançando com novas iniciativas, uma das quais se refere precisamente ao problema de Fordo. No essencial, Teerã não vai encerrar a empresa, embora se prontifique a aceitar um plano de inspeções imprevistas, firmando para tal um protocolo suplementar ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, sob a condição de que ambos os documentos sejam assinados por Israel. Por trás das conversações concernentes à empresa de Fordo transparece a carta israelita no baralho de Teerã. Não se exclui um cenário em que a aposta nela seja bem-sucedida, diz o perito do Instituto dos Problemas do Oriente, Boris Dolgov.
"A démarche relativamente a Israel parece ser uma carta capaz de ajudar o Irã. Sabe-se que Israel possui armas nucleares embora não queira confirmar este facto. Ao mesmo tempo, Israel não aderiu ao Tratado de Não Proliferação. Por isso, as alusões à situação com as armas atômicas israelitas podem vir a jogar um determinado papel."
Um parecer diferente foi expresso por um outro perito do mesmo instituto, Vladimir Sotnikov.
"Creio que tal posicionamento do Irã não irá ajudar a solução do problema iraniano. Israel não irá assinar quaisquer documentos que sejam por estar a praticar uma política ambígua relativa ao seu potencial nuclear. Por isso, pode-se afastar tal cenário."
Sotnikov fez lembrar ainda que até hoje não foram reunidas provas de o Irã estar a criar armas atômicas. O relatório de novembro da AIEA e a mais recente nota à imprensa tampouco contêm algo de novo a esse respeito. Em vésperas da nova ronda de negociações, a comunidade mundial não tem provas convincentes contra as abordagens defendidas por Teerã, adianta Sotnikov.
"Tenho a impressão de o Irã compreende que não pode ser apanhado em flagrante. Daí o desejo de reforçar as suas posições na próxima ronda. Para quê? Para que o sexteto de mediadores, favorável à aplicação de sanções, lhe faça certas concessões e cedências."
Na próxima ronda de conversações, as exigências dos negociadores internacionais podem vir a ser atenuadas, admite de seguida Sotnikov. Os membros ocidentais do sexteto precisam de avanços palpáveis. Tal perspectiva agradaria ainda ao presidente Obama, a poucos meses das presidenciais. Teerã, por seu turno, a julgar pelas declarações mais recentes dos seus líderes, parece estar interessada em cooperar com a comunidade internacional e até restabelecer as relações com o Grande Satanás, ou seja, com os EUA, admitiu há dias o influente político iraniano Hashemi Rafsanjani.
É óbvio que é prematuro falar de eventuais avanços nessa área. Todavia, surgiu uma chance de as partes poderem aproximar-se da solução da equação iraniana, frisou o perito russo, acrescentando que tal será possível se não for abordada a temática israelita, que se encontra aquém da equação referida.

Fonte: ruvr.ru

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