Natasha Pitts
Organizações, redes, comitês e
movimentos sociais colombianos estão promovendo desde terça-feira (8) no
município de Caloto, em Cauca, a Minga
pelo direito à vida, ao território e à paz. O encontro deseja debater as
sistemáticas agressões causadas pelo conflito interno no campo e na cidade,
estimular iniciativas e atos de paz, além de semear no coração da população
colombiana a importância de construir a paz.
Nesta quinta-feira aconteceu a
abertura oficial do evento. A programação da manhã contemplou o painel "Contexto
nacional e regional da situação de conflito armado e paz” seguido por debates
em comissões. Pela tarde, aconteceu um dos pontos altos da Minga, a Marcha de
Caloto até o Parque Central de Santander de Quilichao.
Durante a marcha, os/as participantes quiseram
mostrar que a paz é construída pelos povos e é propriedade de todos e de todas,
não apenas de um indivíduo, não apenas do presidente Juan Manuel Santo. Ela é
um direito coletivo que está sendo desrespeitado categoricamente nos últimos
anos.
A ação quis ainda tocar em uma das principais
feridas abertas da Colômbia, a guerra que todos os dias maltrata a população,
sobretudo indígenas, campesinos/as e afro-colombianos, com massacres,
assassinatos, desaparecimentos forçados, violência sexual, recrutamentos
forçados, bombardeios, intervenção econômica via multinacionais, além de outros
atos de desrespeito aos direitos humanos.
Para ajudar a transformar a situação do país, os
participantes desenvolveram a proposta de ‘consulta pela paz’, que foi
apresentada após a chegada no Parque Central. A iniciativa consiste em uma consulta popular que
permita aos colombianos e colombianas decidir sobre os direitos e deveres da
população e do poder público que podem gerar a paz. O dia foi encerrado com
atividades artístico-culturais.
Amanhã (11), último dia de Minga, a
Marcha continua seu trajeto e segue para Villa Rica. Antes de entrar no
município, os participantes vão dar um ‘grande abraço’ no pedágio da cidade. No
local de encerramento, serão apresentadas as conclusões dos quatro dias de
encontro e realizada a leitura do documento final. A Minga pelo direito à vida, ao
território e à paz termina com atividades artísticas e culturais.
O evento chegará ao fim, mas as iniciativas
geradoras de paz continuarão para combater o modelo econômico que sustenta o
poder mundial e a hegemonia política e dá continuidade aos saqueios de recursos
naturais e de territórios com o desenvolvimento de atividades como a mineração
e o agronegócio.
Os estudantes, indígenas, campesinos, defensores de
direitos humanos, intelectuais e demais defensores da terra e dos recursos
naturais sabem que enfrentam os interesses de fortes grupos econômicos
nacionais e internacionais, apesar disso, asseguram a continuidade da luta para
fortalecer os atos de paz.
Para isso, pretendem "consolidar a construção de
sistemas autônomos, governos e planos de vida para colocá-los como aporte para
o resto da sociedade colombiana em termos de construir uma agenda nacional de
paz”.
Fonte: Adital
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