Em uma das ligações, Vaz inicia a conversa chamando Cachoeira de “companheiro”, e ele responde: “O, Elias, tudo bom?”. Na sequência, o contraventor pede um favor ao vereador.
O vereador Elias Vaz (PSOL), que aparece em gravações falando com o
bicheiro Carlinhos Cachoeira, declarou que não é mais pré-candidato à
Prefeitura de Goiânia.
No anúncio, feito na semana passada, o parlamentar alegou que, além
de divergências internas no partido, outro fator que influenciou na
decisão foi o risco de a sigla ficar sem vereador na capital caso não
dispute a reeleição. Vaz é o único vereador do PSOL na capital.
Segundo ele, as gravações que mostram intimidade com o bicheiro não
tiveram relação com a desistência. “Eu até denunciei a Delta e o
interesse do esquema do Cachoeira na construção do Parque Mutirama. No
processo eleitoral nós íamos explorar isso, e meu mandato incomodava”.
Em uma das ligações, Vaz inicia a conversa chamando Cachoeira de
“companheiro”, e ele responde: “O, Elias, tudo bom?”. Na sequência, o
contraventor pede um favor ao vereador. “Vou pedir uma ajuda pra você
aí. Aquele negócio do Kajuru, fala pra ele lá que não dá mais não. Eu
estou cheio de conta aí”. O parlamentar promete avisar e o bicheiro pede
ainda para dizer que vai voltar a ajudar o jornalista Jorge Kajuru no
futuro.
Segundo relatório da polícia federal, Kajuru teria recebido, pelo
menos, R$ 10 mil, que Cachoeira mandou Geovani Pereria da Silva
depositar na conta de uma colega de trabalho do apresentador.Na eleição de 2010, o jornalista chegou a subir em um carro de som e pedir votos para um candidato do PSOL a deputado estadual, que não foi eleito. Daí teria surgido a relação com o vereador Vaz, do mesmo partido.
Outras escutas
Em trechos do inquérito da Polícia Federal, o nome do vereador é citado como um dos integrantes de um grupo da Câmara Municipal que servia a Cachoeira. O próprio Vaz afirma que o bicheiro se reuniu com ele, o vereador Santana Gomes (PSD), o ex-chefe de gabinete da prefeitura Cairo de Freitas e o ex-presidente da Câmara de Vereadores Wladimir Garcêz.O objetivo do encontro, segundo ele, foi tentar um acordo sobre a obra de reforma do Parque Mutirama (inaugurado no último domingo (24), mas que sofre várias ações na justiça por suspeitas de superfaturamento). “Levantamos duas questões nessa reunião. Primeiro, que teriam que ser corrigidas as irregularidades. A segunda é que deveria ter a participação do Ministério Público porque eu já tinha feito, no início do mês de agosto, uma representação”.
Desta mesma reunião, teria surgido o pedido de Cachoeira ao senador Demóstenes Torres (x-DEM) para que ligasse para o irmão, o procurador-geral de Justiça Benedito Torres, para receber o vereador Vaz, que falaria sobre o caso do Parque Mutirama.
O procurador afirma que recebeu o parlamentar, e encaminhou os pedidos à promotoria responsável. As obras chegaram a ser suspensas, mas continuam em execução. O parlamentar afirma que sempre agiu em interesse de mostrar a realidade da administração municipal.
Disputa eleitoral
Vaz apareceu, em abril deste ano, em segundo lugar na intenção de votos dos goianienses com 13%, segundo o instituto Fortiori, em pesquisa encomendada pelo jornal “Diário da Manhã”.Mas a candidatura começou a ser esvaziada quanto um grupo de aproximadamente 20% de integrantes da sigla tentou tumultuar a escolha dos candidatos. A chapa minoritária tentou realizar prévias, o que seria ilegal no momento.
“Depois da confusão, entendemos que seria melhor priorizar a chapa proporcional, e tentar a minha eleição e a de outro vereador”.
“Fui caluniado. Tive prejuízo. Mas tenho convicção de que nada será provado contra mim”, declarou Vaz.
Uol
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