PSB, PT, PC do B e Psol foram os partidos que reprovaram oficialmente os acontecimentos políticos que culminaram com a derrubada de Fernando Lugo da Presidência do Paraguai
O impeachment do presidente paraguaio Fernando Lugo não tem
unanimidade entre os partidos políticos brasileiros. A maioria dos
partidos manifestou apoio ao chefe de Estado destituído, seguindo
manifesto do PT, que classificou a ação do legislativo paraguaio de
golpe de Estado. O Wikileaks também vazou esta semana documentos que revelam que os EUA já sabiam que haveria um golpe naquele país desde 2009.
No entanto, o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), principal
legenda da oposição, defende a decisão do legislativo paraguaio e
critica a diplomacia brasileira.
Em nota divulgada nesta terça-feira (26/06) e assinada por seu
presidente nacional, o deputado federal Sérgio Guerra, o partido afirma
que não houve rompimento das leis no Paraguai “tampouco ataque à ordem
vigente na nação vizinha”. Guerra, no entanto, destacou negativamente a
velocidade do processo de impeachment.
Na nota, o partido condenou a posição do Itamaraty em relação à crise
política paraguaia afirmando “que o governo brasileiro age de maneira
precipitada quando defende – ou mesmo implementa – sanções ao Paraguai
na Unasul e em outras instâncias internacionais”. A decisão do
Legislativo paraguaio, segundo o líder tucano, será respeitada.
A posição tucana também é defendida pelos líderes de outros dois
partidos, um da oposição e outro da base aliada. Roberto Freire,
presidente nacional do PPS (Partido Popular Socialista), em nota na
segunda-feira (25/06) afirma que seu partido continua a defender o
princípio da autodeterminação dos povos e da não intervenção. Esse
princípio, segundo o deputado, “surgiu para evitar que os Estados Unidos
se intrometessem em nossos assuntos; não devemos agora achar que
podemos interferir em assuntos de outros países; é preciso tomar um
certo cuidado com isso”.
A mesma opinião teve o presidente do PP (Partido Progressista), que
compõe a base aliada do governo brasileiro. O senador Francisco
Dornelles afirma que o país não pode afrontar a decisão do Congresso
paraguaio e que, se houve alguma decisão equivocada, ela deveria ser
questionada pela Suprema Corte do país. “Não tem sentido Brasil fazer
papel de polícia na América Latina como Estados Unidos faziam. O Brasil
tem que respeitar a decisão do Congresso do Paraguai. Não pode cometer
um erro para dar a eles motivo para criar dificuldades comerciais para o
país”, disse o senador na segunda-feira (25/06).
No entanto, a posição dos três líderes difere de outros partidos que
já se manifestaram sobre o ocorrido, notadamente o PT (Partido dos
Trabalhadores), PSB (Partido Socialista Brasileiro), PC do B (Partido
Comunista do Brasil), que compõem a base aliada, e o Psol (Partido
Socialismo e Liberdade), da oposição.
PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), Democratas e PSD
(Partido Social Democrático) informaram, por meio de suas assessorias,
que não tem um posicionamento oficial sobre a crise.
Golpe de Estado
O diretório nacional do PT condenou na segunda-feira (25/06) a
deposição de Lugo em um ato que classificou como golpe de Estado. O
partido também criticou a rapidez com que o Congresso paraguaio
decidiu-se pelo impeachmment do ex-bispo, dando-lhe apenas duas horas
para que ele pudesse se defender.
“A direita paraguaia, valendo-se de sua maioria parlamentar, promoveu
uma deposição sumária, na qual concedeu ao presidente não mais que duas
horas para se defender de um processo de impeachment. Os setores
conservadores paraguaios empreenderam, assim, um verdadeiro golpe de
Estado, destituindo um presidente eleito soberana e democraticamente
pelo povo paraguaio”.
Para o Partido dos Trabalhadores, “o motivo real do impeachment é
outro: impedir uma vitória da esquerda paraguaia, agrupada na Frente
Guasu, nas próximas eleições presidenciais marcadas para abril de 2013”.
Outra crítica feita pelo PT foi em relação à desculpa utilizada para a
deposição de Lugo, em razão das mortes nos conflitos agrários em
Curuguaty, no dia 15 de maio.
Opera Mundi
Pragmatismo Político
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