A maior vítima é a Democracia
O Sentido das Manifestações
Enquanto perdem fôlego e amainam
as manifestações de protesto que afetaram o País nas últimas semanas,
está na hora de procurar entender seu significado.
Uma das maiores
dificuldades para compreendê-las é que não tiveram sentido único. Salvo,
talvez, nos primórdios, quando usuários de transportes públicos foram
às ruas em São Paulo para reclamar do aumento no preço das passagens.
Lá, ainda tínhamos o cenário que explica as mobilizações sociais mais
características: causa concreta, pessoas afetadas concretamente,
reivindicações concretas.Muito se diz que as manifestações seguintes foram novas. Diferentes, por exemplo, das que a direita fez pela deposição de João Goulart ou das que empurraram o governo Collor para a crise final.
Mas, será que a “horizontalidade” e a “difusão” das atuais as tornam mesmo originais?
Não terá existido, nas manifestações deste mês de junho, um segmento que desempenhou papel definidor análogo ao dos anticomunistas e dos conservadores católicos nas marchas de 1964? Dentre os muitos tipos de gente que foi às ruas, não houve um que forneceu personalidade ao “movimento”?
Para identificar o sentido das que aconteceram agora, temos o perfil mais típico dos participantes, suas bandeiras mais características e as reações mais comuns que suscitaram.
Nada ilustra melhor a mudança do perfil socioeconômico dos manifestantes que a imagem veiculada pela TV Globo nos primeiros jogos do Brasil na Copa das Confederações: madames vestidas a caráter e cheias de balangandãs, brandindo cartazes sobre o “fim da corrupção” e fazendo propaganda de um endereço no Twitter. Os jovens que, no YouTube, se tornaram astros dos “insatisfeitos”, parecem seus filhos ou irmãos.
No conteúdo, o elemento central da “ideologia das ruas” foi a crítica à representação política e às instituições, particularmente os partidos políticos. Os manifestantes gritaram País afora que não se sentiam representados por ninguém, que estavam na rua para denunciar os “políticos” e “fazer política com as próprias mãos”. As vagas perorações em favor de “mais verbas para a educação e a saúde” ou contra os “gastos exagerados na Copa do Mundo” nada mais foram que pretextos para externar sua aversão ao sistema político e ao governo.
Quem monitorou as redes sociais durante esses dias percebeu que os defensores mais entusiastas das passeatas foram os antipetistas radicais. Esses é que se sentiram em íntima comunhão com os participantes e torceram para que as manifestações escalassem, enfraquecendo o governo e prejudicando as chances de reeleição da presidenta.
Para dizer o óbvio, quem deu o sentido das manifestações foi a classe média antipetista, predominantemente de direita. Nem sempre, nem todos os participantes, mas em seu núcleo característico.
Ou seja: embora tenham participado do movimento desde punks neonazistas a adolescentes apenas curiosos (e mesmo gente genuinamente progressista), seu rosto é nítido.
A classe média antipetista tem motivos reais para estar insatisfeita com a representação que tem. Ao contrário do cidadão que simpatiza com o PT e outros partidos de esquerda, e que majoritariamente aprova o governo, ela se sente mal representada.
Faz tempo que Fernando Henrique Cardoso lhe dá razão. Em texto de 2011, em que tentava explicar a vitória de Dilma e definia novos caminhos para a oposição, propunha ao PSDB que deixasse o “povão” para o PT e fosse procurar a classe média: “É a essa que as oposições devem dirigir suas mensagens prioritariamente”. Dizia que o partido precisava “mergulhar na vida cotidiana” e encontrar “ligações orgânicas com grupos que expressem as dificuldades e anseios do homem comum” (leia-se, de classe média).
Lembrava que havia “toda uma gama de classes médias”, empresários jovens, profissionais, “novas classes possuidoras”, que estariam “ausentes do jogo político-partidário, mas não desconectadas das redes de internet, Facebook, YouTube, Twitter, etc.”. Considerando seu “pragmatismo”, o discurso para atraí-las não deveria ser “institucional”, mas centrado em temas como a corrupção, o trânsito, os problemas urbanos, os serviços públicos.
FHC queria uma oposição que “suscitasse o interesse” da classe média e lhe “oferecesse alternativas”. Se não conseguisse ser “uma alternativa viável de poder, um caminho preparado por lideranças nas quais confie”, sequer adiantaria “se a fagulha da insatisfação produzisse um curto-circuito”.
Falou, mas não fez. Nessa, como em outras oportunidades, as oposições brasileiras mostraram-se mais competentes na conversa que na ação. Perceberam os desafios, mas não lhes deram resposta.
Foram de Serra, quando precisavam renovar-se. Apresentam Aécio como prosseguidor da “herança de FHC”. Nada fizeram para “organizar-se pelos meios eletrônicos, dando vida a debates verdadeiros sobre os temas de interesse dessas camadas”, como sugeria o ex-presidente.
Presas de seus paradoxos, as oposições criaram a crise de representação dos setores da sociedade a quem pretendiam (e deveriam) expressar. Talvez principalmente, foi a impaciência das classes médias antipetistas com a oposição que as levou às ruas.
Depois, é claro, de um ano de ataque da mídia conservadora ao governo. Seus estrategistas acharam que conseguiriam, através de incursões cirúrgicas, eliminar somente as lideranças do PT. O que fizeram foi ferir valores fundamentais da democracia.
Fonte: Conversa Afiada
Claro, concordo plenamente... acho que o governo PTista deve EXTERMINAR a classe média, para usar um termo brando. Deveria promover uma execução em massa de TODA a classe média deste país! Já estive no Cambodia, meu passaporte prova, e tive a oportunidade de ver o que o KMER Vermelho fez naquele país com a classe média de lá. Hitler é fichinha perto do que fizeram; executavam, dito a mim por uma Cambodiana que sobreviveu, os pais e os avós na frente dos filhos e netos, CRIANçAS ainda (Ela tinha 6 anos e assistiu ao pai ser executado tendo a jugular cortada por uma folha de agave, jogado ao chão, sangrando que nem porco (palavras da própria)). Mas isto foi relatado no Filme Killing Fields, quem sabe um monte de mentiras no filme, e TODOS aqueles crânios e esqueletos e terrenos minados que até hoje são encontrados Cambodia a fora, são ficções da "direita" TUDO PLANTADO LÁ, em uma tentativa de atravancar o progresso e a libertação das classes oprimidas que querem o quê? Tornar-se classe média....no mínimo.....
ResponderExcluirBem faz Marilena Chauy em odiar a classe média, ela não mais que uma indigente...Quase uma carmelita descalça....
Faça-me o favor! me POUPEM! Vão repetir estas sandices e coisas energúmenas em Cuba (Que também conheço, mas como não carimbam o passaporte.... Mas tenho fotos...) Digo e afirmo uma coisa, de quem viu "in loco". NENHUM SÊR HUMANO merece aquilo, como não merecem as nossas favelas, mantidas democraticamente há anos, e hoje em dia sendo assaltada em seus direitos, assim como a classe média (com o problema que esta última encherga o que vê), quando de superfaturamentos e mensalões e outras escolhas erradas feitas a ANOS por vários governos.... "Eliminar lideranças PTistas por incisões cirúrgicas" Essa frase então é o ponto alto deste artigo. "Non plus ultra" , Vocês estão querendo se referir ao Tratamento que Dilma e LuLLa tiveram no Sírio Libanês? Ou o Julgamento de quadrilheiros e corruptos no Supremo, que de tudo fazem para não serem presos? É isso?
Quer saber. Um abraço pra vocês e boa sorte, mas me poupem deste festival de ignorância.