A parceria público-privada para a produção local do bevacizumabe – princípio ativo cuja marca comercial era patenteada pelo laboratório suíço Roche – vai resultar em uma planta industrial em Maringá, no noroeste paranaense, e deverá render uma economia de aproximadamente R$ 67 milhões anuais aos cofres públicos. É o que preveem tanto o presidente do Tecpar, Júlio Felix, quanto o CEO no Brasil da Biocad Biopharmaceutical Company, David Zylbergeld Neto, baseados nos R$ 177 milhões que o Ministério da Saúde (MS) gastará este ano com as importações.
O medicamento, também usado contra a degeneração macular (perda de visão com a idade), tem previsão de entrar no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2016. "O acordo firmado foi precedido de entendimento com o Ministério no quadro do programa Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), de modo que já temos o mercado assegurado", informa Felix, lembrando que o Tecpar entrará em uma área até então inexplorada de conhecimento e produção.
O produto de origem molecular, já desenvolvido e atualmente na "fase 3 de testes clínicos na Rússia", segundo Zylbergeld, não terá nenhum similar no Brasil. "Ele é biológico, enquanto o fabricado pela Roche (cuja patente caiu em 2012) é sintetizado quimicamente", explica o presidente do Tecpar. Félix calcula que a dose do bevacizumabe vendida pela multinacional suíça saia atualmente em torno de R$ 850 para o MS.
Uma equipe do governo do Paraná irá a Moscou, sede do Biocad, nos próximos dias para complementar as negociações, que envolverão as necessidades tecnológicas da futura fábrica, a estimativa de pessoal local e russo e também os detalhes econômicos, ainda sob sigilo. Mas o principal executivo da Biocad Brazil revela que a planta de Maringá será de responsabilidade do Tecpar.
A entrada do País em um linha de fármacos inovadora, incorporando a tecnologia a ser transferida pela empresa de biotecnologia russa – exigência da PDP do governo federal – é um reconhecimento de duas mãos. Júlio Felix lembra que o Tecpar foi reconhecido pelo Biocad como um centro de excelência, da mesma forma que o parceiro foi avaliado como um centro de pesquisa e desenvolvimento de ponta pelos técnicos brasileiros.
Comercialmente, o laboratório russo – com unidade também em São Petesburgo e braços em vários países da Ásia e Leste Europeu, entre os quais China e Índia – espera ir além da parceria com o Tecpar.
A porta recém-aberta permitirá ao Biocad trazer ao Brasil, inclusive produzindo em planta própria no futuro, outros produtos desenvolvidos. David Zylbergeld Neto lembra que hoje estão em pesquisa e desenvolvimento 14 novas moléculas, a partir de um centro técnico que conta com 110 profissionais, num total de 650 funcionários.
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